Devaneios Profissionais II
No dia seguinte fui chamado novamente ao seu gabinete. A forma de me tratar alterou-se substancialmente. Com as paredes da sua sala como testemunhas, lá me lançava um “querido isto” e “querido aquilo”. O que fui eu fazer? Pensei para mim e decidi-me por alinhar no jogo, mas de forma passiva. Estava farto de saber que, caso o nosso caso amoroso corresse mal, tal iria repercutir-se na relação de trabalho, o que eu estava longe de desejar pois estava bastante contente com o meu trabalho.
- Que costumas fazer fora do horário de trabalho, querido? – perguntou-me.
- Gosto muito de chegar a casa e ouvir um bocado de música e beber qualquer coisa enquanto vou até ao computador. E tu?
- Já sabes como é, coisas de mulher, escolher a roupa para ir para a lavandaria, arrumar a que entretanto fui buscar, ler um bom livro…
- Parece-me interessante.
- Nem sempre. Gostaria de poder chegar a casa e não ter que fazer rigorosamente nada.
- Mas, não tens um companheiro?
- Tenho sim, uma pessoa… mas vivemos em casas separadas. E tu?
- Comigo é igual. Tenho uma pessoa mas também vive cada um na sua casa.
- Que interessante…
- Pois é, de facto. Consigo preservar o meu espaço…
- Também assim penso, apesar de…
- Apesar de…
- Apesar de já sentir a necessidade de avançar, de assentar.
- Compreendo. Já tive uma fase assim, mas passou-me.
- Não sentes a necessidade de partilhar o teu espaço, as tuas coisas com alguém?
- Actualmente não. Quando é para se namorar namora-se. Quando é só para estar pelo lar, está-se…
- Hummm… de certeza?
- Absoluta, menina.
- Gostei desse teu “menina” – Sorri para ela e ela devolveu-me um sorriso malandreco, o qual não sei se me faz bem se faz mal. Que loucura foi esta que tu foste arranjar, ó Alexandre? Bolas, pá! Com tanta gaja tinhas logo que saltar para cima da tua chefe… - Deixa-me nas nuvens, sabias?
- Ainda bem – E sorri-lhe novamente.
- Olha, porque não vamos jantar? Tens alguma coisa planeada?
- Não tenho nada planeado, e tu?
- Não. Quando acabar isto, saímos, ok?
- Combinado. – E saí do gabinete. Quando me dirigia para a minha sala, não deixei de pensar que era terrena pantanoso, o que eu estava agora a pisar cheio de confiança. Que se lixe, só se vive uma vez. Vai correr tudo bem.
Ao final da tarde, ela entrou na minha sala e de forma despreocupada perguntou:
- Então, vamos?
- Vamos, pois. Deixa-me só desligar aqui o PC – E lá fomos. No elevador, mantivemo-nos em silêncio, mas não deixámos de olhar um para o outro de forma cúmplice, como se estivéssemos prestes a colocar em prática um elaborado plano de assalto. Fomos para a garagem, onde ela tinha o carro e chegados ao mesmo, ela passou-me as chaves para mão:
- Conduz, ok?
- Eu não me importo de conduzir, mas não sei bem para onde vamos.
- Não te preocupes, que eu ensino-te o caminho – E deu-me um beijo nos lábios. A mulher está mesmo embeiçada, pensei, enquanto entrava no carro e colocava o mesmo em funcionamento. Arrancámos e seguimos pela cidade fora, com as indicações dela. Acabámos por parar frente a um edifício do início do Séc. XX. Da porta veio um sujeito que, para além de me abrir a porta, prontificou-se para ir arranjar um lugar para estacionar o carro. Entrámos no edifício, subimos ao primeiro andar, através de uma larga escadaria com tapete ao longo dos degraus em pedra e eu já estava a pensar para mim em quanto me iria custar esta aventura quando um indivíduo, vestido de fato escuro e lacinho nos cumprimentou e levou até uma pequena sala onde se encontrava apenas uma mesa. Ela tinha telefonado para cá a marcar, de certeza, ou então é cliente assídua da casa. Comecei a ganhar mais respeito por esta mulher de quem, afinal, não sabia rigorosamente nada.
Sentámo-nos frente a frente, fizemos os nossos pedidos da extensa carta e ficámos a aguardar. Ela sorriu e disse:
- Há muito tempo que aguardava por este momento…
- A sério?
- Sim, a sério. Nós fizemos tudo ao contrário…
- Tudo ao contrário?
- Sim, primeiro fizemos amor e só depois é que viemos jantar juntos.
- Eu diria que são contingências…
- Boas contingências, então…
- Olha, e o teu companheiro?
- Ele está por fora, no estrangeiro…
- Ah, muito bem.
- E a tua companheira?
- Está na casa dela.
- Pois deixa-a estar que está muito bem – Dava para inferir da conversa que esta seria apenas uma aventura. Espero não ser cuspido fora como o caroço de um pêssego quando ela se fartar de me comer, não pude deixar de pensar. Entretanto chegaram os pedidos e iniciámos a refeição, acompanhada de um tinto muito bom que me arrisquei a pedir. Já que é para fazer sangue com o preço do jantar, venha mais qualquer coisa. Até ao final do mês terei muito tempo para me queixar deste jantar.
Acabámos o prato principal e, durante uma amena conversa, ela disse, de repente:
- Ó meu Deus, perdi o brinco direito Será que caiu para o chão? – Como cavalheiro que sempre fui, prontifiquei-me para esquadrinhar cada centímetro do chão à procura do dito brinco.
- Eu vou ver se o encontro! – E, após ter colocado o guardanapo em cima da mesa, lá mergulhei debaixo da mesa. Foi a primeira vez que observei as pernas dela assim tão de perto, o que transformou a experiência em algo de pessoal. Como se ela estivesse a ler o meu pensamento, (aliás, só podia mesmo), entreabriu as pernas mostrando-me toda a glória da sua feminidade, mesmo no lusco fusco que se encontrava debaixo da mesa. Agarrei no brinco que brilhava junto ao um dos seus sapatos, coloquei-o no bolso da minha camisa e não resisti a percorrer com a minha língua pela sua perna, desde o pé até ao joelho. Mesmo debaixo da mesa consegui ouvir o seu longo suspiro. Ela ergueu a perna e tocou-me com o sapato.
Resolvi emergir de debaixo da mesa, antes que as coisas se descontrolassem. Dirigi-me junto dela, e coloquei o brinco em cima da mesa. Os nossos olhos quase se acariciavam mutuamente, tal era a intensidade do nosso olhar…
- Obrigado, querido. Tinha a certeza que encontrarias o meu material, tal como eu consigo encontrar o teu – e dito isto, passou com uma mão por cima do enorme volume que podia ser visto debaixo das minhas calças.
O resto do jantar passou-se literalmente a correr, na medida da ânsia selvagem que tínhamos um pelo outro. Até o empregado terá ficado a pensar que não gostámos de algo, pela pressa com que pedimos a conta e desaparecemos daquele espaço.
À saída já se encontrava o carro dela em frente da porta. Entrámos e ela arrancou, fazendo escorregar com ruído as rodas no asfalto. A pressa transformara-se em emergência de estarmos juntos. Enquanto acelerava pelas ruas da cidade, deu-me um lascivo beijo nos lábios, que teve o condão de colocar o sangue a ferver nas veias, com o misto de antecipação do prazer e do perigo que representava aquele acto tresloucado enquanto ela conduzia de forma frenética.
Chegados à vivenda onde ela vivia, ela estacionou o carro na rua, desligou o motor e disse:
- Anda, segue-me! – Como é claro, obedeci e segui-a. Quem a visse a entrar em casa, imaginaria que estaria aflita por utilizar a casa de banho…
Mal entrámos em casa, envolvemo-nos num fortíssimo abraço, no qual os nossos corpos doíam de fome um pelo outro. As roupas foram arrancadas uma a uma, fazendo montes desajeitados pelo chão do hall de entrada e da sala, enquanto nos beijávamos sofregamente. Empurrei-a para cima do sofá e comecei a chupar-lhe os mamilos, enquanto as nossas mãos frenéticas analisavam com vontade todos os recantos dos corpos um do outro. Rapidamente desci para a sua barriga, que beijei, indo a descer, em direcção ao seu graal, o monte de vénus e assim que o beijei, sentia-a a abrir ainda mais as suas pernas, oferecendo-me a vista maravilhosa do seu sexo devidamente depilado.
Beijei os grandes lábios, deixando a minha língua fazer-se notar com a sua humidade e temperatura. Senti-a a latejar. Ela tinha tido um orgasmo somente com a antecipação do que se iria seguir. Decidi mesmo assim avançar, sem a deixar recuperar o fôlego e mergulhei a minha língua dentro dela, que nesta fase estava completamente inundada pelos seus sucos. Tilintei o seu clitóris com a ponta da minha língua, enquanto mergulhava um dedo dentro dela, esfregando a parte de cima, rugosa, do interior da sua vagina. Não demorou muito que ela explodisse novamente, tendo começado também aos gritos, tal era o prazer que estava a sentir. Eramos dois animais selvagens que se encontravam numa refrega após anos enjaulados. Levantei-me do chão, rodei-a, de forma a ela ficar voltada para as costas do sofá e penetrei-a assim. Ela ainda não tinha acabado de se recompor do enorme orgasmo que havia sentido e já gemia intensamente de prazer, enquanto eu executava a minha dança de vai vem com os meus quadris e com o meu membro dentro dela. Não durou muito tempo até explodirmos os dois num violento orgasmo, tendo eu caído extenuado para cima dela. Ficámos assim durante largos momentos, até recuperarmos a respiração. Tinha sido uma experiência fantástica.
Sentei-me no sofá, exausto, enquanto ela se levantou. Vasculhou as coisas que havíamos deixado cair no chão e regressou com um maço de cigarros na mão. Acendeu dois cigarros e deu-me um. Fumámos em silêncio. Foi ela que interrompeu:
- Queres tomar alguma coisa?
- Aceito um wiskie, querida. – Ela levantou-se e serviu dois copos. Regressou para perto de mim e sentou-se no sofá, dando-me um copo.
- Então e agora? – Perguntei.
- Agora continuamos a nossa vida de forma descontraída.
- E conseguiremos?
- Não me digas que não consegues dar umas quecas sem te apaixonares.
- Claro que consigo.
- Então é mesmo isso que faremos.
- Ok, combinado. Gosto de ti.
- Eu também gosto de ti. Darás um excelente amante – E beijámo-nos languidamente. Naquela noite fiquei lá em casa, para o pequeno almoço e de manhã fomos juntos para o trabalho. Não sei bem o que acabara de iniciar, mas para já tinha sido mesmo muito bom…