Diagnóstico excitante
De quando em vez um flash, um relampejo de luz, acompanhado de sons dinâmicos, de movimentos que se ouvem mas que não se entende o que são nem porque são executados. Depois o silêncio e a escuridão, seguidos de mais uma experiência de sons e de luzes por um período de tempo, seguidos novamente de silêncio e escuridão. Segundos? Minutos? Horas? Não consigo identificar a dimensão do espaço temporal que separa estes momentos nem tão pouco a dimensão dos mesmos. Comecei a notar mais movimento. Estou a movimentar-me, mas deitado, preso, imóvel. Abro os olhos e não sei onde estou. Vejo lâmpadas no tecto branco de um edifício. É a única coisa que consigo ver, o tecto, pois estou amarrado, pernas, braços, mãos, cabeça e pescoço imobilizados. Que terá sucedido? Tento recordar-me mas não consigo. Sinto um torpor por todo o corpo. Tudo volta a escurecer novamente, até que ouço uma voz feminina a chamar um nome:
- Alexandre! Alexandre! – Abro os olhos e vejo uma face por cima de mim, a fitar-me.
- Alexandre! – Agora sim, concluí que me chamava. Fiz um esforço para tentar ver melhor esta face e a mesma estava meio turva. Deu para perceber contudo que aquela face estava associada à voz que me chamava. Era uma jovem mulher:
- Alexandre, consegues lembrar-te de alguma coisa? Sentes dores? – Tentei responder, mas não consegui. Tinha os lábios, a língua e toda a boca mais secos que um velho bocado de cortiça. Não conseguia falar, mas mesmo assim procurei gesticular com os lábios. Acenei negativamente com a cabeça, com a pouquíssima margem que a gola cervical me concedia para mover a mesma.
- Estás no hospital. Tiveste um acidente de automóvel. Vamos fazer-te alguns exames e tratar de ti, está bem? – Voltou a dizer a tal voz feminina cuja face que agora já conseguia ver melhor. Que bronca! Tinha tido um acidente! Pensei. De certeza que estourei o carro. Bolas! Ainda não conseguia recordar-me do que tinha sucedido, mas comecei a ficar um pouco mais nervoso, á medida que começava a tomar consciência do que me estava a suceder. Fechei os olhos e fui inundado por imagens numa sequência vertiginosa. Ao princípio não percebi o que se estava a passar nem que imagens eram aquelas, mas passado algum tempo concluí tratarem-se de imagens do acidente. Tudo surgiu na minha cabeça. Tinha sido na auto-estrada. Capotei o carro várias vezes, senti-me como que dentro de uma máquina de lavar roupa, durante o programa de centrifugação. Depois novamente a escuridão. Depois a luz do tecto das urgências do hospital, novamente. Fiquei mais calmo. Afinal estava vivo, apesar de não saber se estava tudo bem, e de estranhar estas perdas de sentidos consecutivas. De repente, novo vulto sobre a minha cara, acompanhado da voz que já era minha conhecida, a única voz de que me recordo de ouvir nas últimas horas, nos últimos momentos:
- Alexandre, como vai isso? Vamos agora fazer um TAC, ok? É só para saber se está tudo bem. – E sem que me fosse dada a oportunidade de responder ou pelo menos tentar, a maca em que me encontrava começou a deslocar-se. Vi o tecto a passar, uma, duas, três, uma quantidade quase infindável de luzes a passar, foi transposta uma porta, foi feita uma curva à direita, depois outra à esquerda e mais luzes a passar. Não fazia a mínima ideia de onde me encontrava. Apenas sabia que estava algures no interior do hospital. A maca parou, abriu-se mais uma porta e senti que tinha entrado numa sala. Estava um pouco mais escuro e não havia mais candeeiros no tecto como nos corredores. Senti que havia pessoas ao meu redor. Alguém disse, sem que para isso se tenha abeirado sobre mim:
- Ó jovem, vamos ter que remover as suas roupas para podermos fazer o exame e examiná-lo melhor. – Portanto irei ficar nú, pensei. Começaram a cortar-me as calças. Depois a minha camisola e a roupa interior. Saiu tudo. Senti-me nú e era uma experiência literal do termo pois, para além de saber que estava nú, não fazia a mínima ideia de quem me observava, se se tratava de uma, duas, ou dez pessoas. Essa é a verdadeira sensação de se sentir completamente despido. Mantiveram-me contudo as amarras que me prendiam as pernas, o tronco, os braços, as mãos e o pescoço. Não conseguia olhar para ninguém, ver ninguém, interagir visualmente com quem quer que seja, como estava, amarrado ao plano rígido em cima da maca. Cobriram-me com um tecido qualquer, não sei se um lençol ou uma daquelas batas que dão ao pessoal para fazer aquele tipo de exames. Depois, ergueram-me e colocaram-me na marquesa da máquina do TAC. Nessa altura, uma profissional feminina abeirou-se de mim. Consegui visualizar a face de uma moça jovem, e bonita. Ela disse-me:
- Agora iremos retirar-nos e vais fazer um TAC, só para ter a certeza que está tudo bem. – Fiquei mais descansado ao ouvir isto. Ouvi alguns passos, a porta a bater e o silêncio, só interrompido pelo ruído de equipamentos eléctricos em funcionamento. Finalmente sozinho, pensei. Senti a marquesa a deslocar-se e gradualmente o interior do arco da máquina de TAC substitui o tecto da sala no que me era dado a ver. Mergulhei nos meus pensamentos, no que me tinha levado ali, no acidente, no meu estado físico, nas repercussões do acidente na minha vida, enquanto a máquina do TAC começava então a emitir uns ruídos, sinal de que estava a funcionar e de que o meu diagnóstico estaria a ser preparado. Levei nisto largos minutos, um quarto de hora, meia hora, não faço ideia. Senti uma letargia a invadir o meu corpo e inevitavelmente fui atacado por uma sonolência potente, impossível de combater. Fechei os olhos e deixei-me embalar nos braços de Morfeu. Adormeci.
Despertei de repente, com o fim do ciclo das máquina do TAC. A sala mergulhou num silêncio profundo. Ninguém me disse nada, a partir da cabine do controlador da máquina. Fiquei assim por largos minutos, ainda parcialmente dentro do túnel da máquina de exames. O silêncio foi finalmente interrompido pela abertura e fecho de uma porta. Fiquei à espera que me dirigissem a palavra, mas nada. Ouvi passos, dados por calçado de ginástica, com solas de borracha. Ouvi os passos a dirigirem-se até mim. Finalmente ouvi uma voz:
- Meu caro rapaz, aparentemente está tudo bem contigo. – Suspirei de alívio.
- Vou só certificar-me fisicamente de que tudo está bem. Espero que não me leves a mal. – Tratava-se de uma voz feminina, erudita, profunda, mas carregada de feminismo. Era uma voz sensual. Senti-me confortável ao ouvir aquela voz. Confiei imediatamente nela e na mulher que a detinha. Pus-me a imaginar uma mulher bonita, de bata branca, por cima de um camiseiro e uma saia pelos joelhos. Adorei aquela mulher naquele preciso momento, mesmo sem a ver, pois não se debruçou por cima de mim, mostrando a sua face. Voltou a fazer-se ouvir, e disse:
- Alexandre, vou proceder agora a um exame físico, localizado, só para me certificar de que está tudo bem. – Ao mesmo tempo que a voz se fazia ouvir. Senti uma mão na minha perna direita, a deslizar perna acima, passando pelo joelho, e depois pela coxa, e sempre a subir. Era uma sensação muito agradável, que me deu imenso prazer. Continuou até à virilha, e apanhou-me bem junto aos testículos e ao meu pénis nú. Gostei mesmo daquela sensação. Senti-me a aquecer e a perder o controlo sobre mim mesmo. O meu pénis começou a ficar quente, a abandonar a letargia a que estava votado. Senti-o a erguer-se no ar, a desafiar a gravidade, o que provocou o comentário da minha interlocutora:
- Mas que bem, vejo que aqui por baixo as coisas continuam funcionais. Isto são bons sinais, Alexandre! – Ao mesmo tempo que ouvia isto, senti uma mão a agarrar o pénis. Suspirei, de forma involuntária.
- Parece que aqui em baixo estamos prontos para a festa. – E aquela mão iniciou um movimento para cima e para baixo, o que me deu imenso prazer.
- Vamos lá então a fazer um pouco a vontade a este menino. – Voltou a dizer aquela voz. Senti-me divido entre entregar-me ao prazer ou repudiar aquilo por que estava a passar, mas era demasiado bom, sentir aquela mão a acariciar-me. Deixei-me ir. De qualquer modo, nada poderia fazer, pois continuava completamente manietado. Aquela voz continuou a fazer-se ouvir, a dizer-me montes de coisas, o que me faria, etc, enquanto continuava a masturbar-me. De repente silenciou-se e eu senti a minha glande presa num orifício quente e húmido. Acabara de me abocanhar o pénis. Que cena do outro mundo, pensei, enquanto fazia um esforço para ceder à enorme tentação de me deixar ir e explodir dentro daquela boca que me trabalhava o pénis com verdadeira mestria, ao mesmo tempo que mão continuava um movimento para cima e para baixo. Tudo isto era mesmo demais. Ultrapassava qualquer dos meus sonhos mais luxuriantes. Absolutamente inédito! Naquele momento decidi que jamais comentaria isto com qualquer dos meus amigos, pois o mais certo seria nenhum deles acreditar neste episódio e reduzir-me ao ridículo de ter mentido e fantasiado com mulheres no meio hospitalar.
Estava a adorar o tratamento de que estava a ser alvo. De repente, ela parou. Calmamente disse:
- Alexandre, parece que está tudo bem. Estás pronto para a próxima fase do exame. – Ouvi o ruído característico de roupas a serem removidas. Senti uma pressão de ambos os lados do meu corpo. Era ela que estava a subir para cima da marquesa! Pensei. E era mesmo verdade. Senti o meu falo a deslizar para o interior de algo apertado, muito quente e húmido. Ouvi um gemido assim que esta fêmea se empalou totalmente em mim. Que loucura, pensei. Agarrou as minhas pernas, o que indiciava que estava de costas voltadas para mim e iniciou um movimento de acima-abaixo em cima de mim. Que maravilha, que enorme prazer estava eu a sentir naquele momento. Senti o meu falo a latejar de prazer dentro daquele vagina que o ía engulindo de forma ritmada e contínua. Tive que fazer um enorme esforço por não me deixar ir em direcção aquele clímax que eu achava cada vez mais inevitável, impossível de contornar e de resistir. Senti a mulher a acelerar os seus movimentos, ofegante, a gemer de prazer. Passado algum tempo, e já a cavalgar-me num galope desenfreado, ela agarrou com força os meus testículos. Num misto de dor e prazer não consegui conter-me e explodi no seu interior, enquanto sentia todo o meu corpo a crispar-se com a enorme dose de prazer que estava a sentir naquele momento. Senti-me a inchar, a ficar com o meu corpo totalmente entumecido com o violente orgasmo que acabara de sentir.
Quando tudo terminou, ela, ofegante, acabou por sair de cima de mim. Ouvi-a a compor a sua roupa e finalmente disse:
- Alexandre, está tudo bem, rapaz. Estás pronto para outra. – Tapou novamente o meu corpo e afastou-se. Ouvi a porta a abrir e novamente a fechar. Fiquei novamente só, em silêncio.
Uns bons minutos depois, ouvi a porta a abrir, seguida de passos na minha direcção. Uma voz feminina fez-se ouvir:
- Alexandre, já vimos o seu exame. Felizmente está tudo bem. Iremos já remover as suas incómodas ataduras. – Eu ainda estava a recuperar daquela experiência sexual absolutamente inédita quando finalmente senti que me libertavam os pés, as mãos, o pescoço. Quando finalmente me encontrei livre, levantei a cabeça e pude ver uma médica morena, absolutamente linda. Disse-lhe:
- Dra, já a sua colega, há pouco, certificou-se de que estava tudo bem comigo, mas muito obrigado.
- Qual colega?
- Não sei, não a consegui ver, apenas sentir.
- Que estranho, Alexandre. Não há aqui mais nenhuma médica para além de mim. Parece-me que necessita de ser submetido a mais exames.
- Venham eles, doutora. Se forem com a mesma profundidade do anterior, poderá manter-me internado por uma longa temporada.
- Que exame, Alexandre? Apenas fez um TAC.
- Sim, doutora. Apenas um TAC….. – E sorri, mesmo com vontade.